
Paulo Pinto fala do trabalho da equipa sénior, fazendo um balanço dos últimos quatro anos e projectando os próximos quatro. A realidade da equipa sénior na primeira pessoa.
Em 2004 foi formada uma nova equipa sénior. Foram traçados novos objectivos, procurando elementos para construir uma equipa jovem, motivada e com vontade de trabalhar.
Nessa altura, fizemos um plano para os quatro anos seguintes. Planeámos a participação em quatro competições: uma individual e três em equipa. Começámos por competir no Luxemburgo, em 2006 (medalha de bronze); em 2007, houve uma competição individual na Eslovénia, onde ficámos em terceiro lugar. Fomos ainda ao Chipre (medalha de prata) e às Olimpíadas de Culinária em Erfurt, em 2008, (medalha de prata).
Terminava assim, em 2008, o ciclo de quatro anos. Actualmente, estamos a preparar o próximo ciclo, a pensar nas Olimpíadas de Culinária de 2012. Para os próximos quatro anos, contamos com as competições no Luxemburgo, em Singapura, em Santiago do Chile e então, em 2012, na Alemanha.
Muitas dúvidas existem sobre quais os requisitos para a entrada na equipa sénior. Alguns elementos actuais foram vencedores de concursos nacionais e outros passaram da equipa júnior para a sénior. O trabalho médio semanal é de 8 horas no mínimo, pois cada prato demora dois meses a ser feito. Claramente é necessário abdicar de muito, e é necessário ser-se diferente e não apenas mais um. Embora ser diferente não signifique ser o melhor.
Quanto aos treinos, numa fase inicial, são definidos os menus, são passadas as técnicas e os métodos de confecção. Depois, são treinados semanalmente esses menus e apresentados uma vez por mês. De cinco em cinco meses, juntamos tudo e comparamos os pratos feitos para que nada se repita. Nos últimos três meses da preparação, treinamos semanalmente a mesa toda.
Toda a preparação culmina na participação nas competições. A satisfação pessoal de ver concretizado um sonho de concorrer entre 2000 a 2500 cozinheiros de todo mundo é especial. O contacto com outros colegas, com produtos vindos de todo o mundo, com diferentes culturas gastronómicas e com equipamentos novos é uma especial fonte de aprendizagem.
Mas a verdade é que a participação nestas competições é muito exigente, física e mentalmente. Chegamos a ficar quase três dias sem dormir e só com muita vontade e gosto é que se consegue. A participação da equipa em competição envolve cerca de 15 pessoas e o esforço e dedicação são mútuos. Regressar a Portugal, depois de uma competição, é sentir que o nosso dever foi cumprido a representar o país. O único problema, por enquanto, é não termos um bom apoio das entidades oficiais.
Paulo Pinto